quarta-feira, 24 de dezembro de 2008




Para todos os meus amigos desejo um Santo e Feliz Natal.

A MELHOR PRENDA DE NATAL

Aquela pequena melodia
de um Natal distante
na vontade da partilha,
tocou infantil
aos meus ouvidos.
Um sininho apenas,
voo de asa
envolto em pensamento,
o parar do momento
num etéreo esvoaçar
da memória de outros dias,
caminho percorrido
em notas prenhas de azul.

Explodiu o sonho
em cada doce tinir.
O Natal cobriu-se de estrelas
do outro lado da vida.
Foi mãos dadas em tarde fria
junto ao mar,
foi lágrimas à luz das velas,
cumplicidade sem lugar, sem tempo.
Foi abraço de sono
e beijos de amanhecer…
Foi sonho….
A melhor prenda de Natal!

domingo, 21 de dezembro de 2008

Veja algumas das obras fotográficas seleccionadas para a Lab.65!
Admire, deixe-se envolver e adquira!











A Ana Luandina é minha nora. Passem por lá para ver a exposição.

A Lab.65 no CCBombarda, até 17 de Janeiro!
Rua de Miguel Bombarda, 228 Porto




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terça-feira, 16 de dezembro de 2008




Lab.65 REVISITED - No CCBombarda até 17 de Janeiro



Uma exposição de fotografia da minha nora. Muito bonita. Façam favor de ir, até para ver também o novo ponto de cultura e lazer da cidade do Porto.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Olhares

Os olhares são uma brecha
por onde a alma se escapa
e se mostra sem maneiras,
com o calor da paixão,
fria como uma faca,
enevoada de lágrimas,
ou só de si toda inteira.

Olhares de fogo e de mel
profundos, doces, devassos,
que nos desnudam, lascivos;
olhares cansados e baços
do tempo e da amargura;
olhares vestidos de estrelas
que explodem de alegria;
olhares de nostalgia
de um mundo que já morreu.

Olhares!
Uns, de ódio e de raiva
lançam milhares de punhais.
Outros, navegam ternura
em calmos e longínquos lagos.
Uns ardem de desejos,
e outros anseiam beijos.

Os olhares que encontramos
dia a dia na cidade
contam histórias
contam vidas,
lutas ganhas e perdidas,
voos de ave acorrentada,
procura de infinito,
a alma toda num grito
em busca da felicidade!!

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Despidas são sempre belas

Queria voltar à inocência.
Não saber que existe
mácula no coração do Homem,
ambição a desenhar a vida,
inveja a envenenar o sangue,
mentira a entortar a boca.
Queria esquecer as verdades,
axiomas ditos absolutos
inculcados pelos média
no aculturado pensamento global,
Ignorar os paraquês da massificação
porque somos gerados
diferentes em forma e intenção.
Acreditar, por um momento,
que me posso encontrar
neste oceano de palavras
que me afrontam os sentidos.
Que a liberdade de ser
vem escrita no ADN
e é preciso procurar
por baixo do vidro,
cumprir o destino do Inverno,
como as árvores solitárias
de ramos entrelaçados
sacrificam as suas vestes,
guardam no frio e no silêncio
a força adormecida da vida
cativando o nosso olhar.
Intensas, na sua autenticidade,
despidas, são sempre belas!

É sempre Natal no Peito!

As luzes traçam caminhos no asfalto molhado
e saltam-me para os sapatos quando as piso.
O frio húmido enrola-me o corpo
num abraço de espectro.
Na esquina uma mulher semi-nua
convida o último cliente,
ignorando que a sua miséria faz parte
do manto subtil da minha segurança.
O homem do saxofone embrulha os “blues”
nos jingles de Natal que pretendem aquecer a rua.
É Natal!
O Menino Deus, mais uma vez,
nasce no seu berço de palha,
desprezado e perseguido,
para morrer traído na Primavera.
Menino Deus ultrapassado pelos Pais-Natal
presos aos edifícios por cordas invisíveis;
esquecido no fervilhar das compras,
e das viagens aos paraísos tropicais;
desmembrado nos homens-bomba,
piões mártires de uma utopia,
a sonhar com um harém de virgens;
molhado nas faces dos refugiados
das eternas guerras dos petrodolares.
É Natal?
No mundo ávido e mesquinho não há Natal.
Mas na pressa da criança que rasga o embrulho
para encontrar o sonho,
sob o olhar doce dos pais que a protegem;
na partilha dos amantes que se desnudam de si
[para ser o outro;
no abraço do amigo que destrói a solidão;
no reencontro que nos humedece os olhos,
há Natal!
Quando comungamos ternura
é sempre Natal no peito!

Em bando como os pardais

Em bando como pardais
a chilrear de alegria,
são tantos durante o dia
nos calores estivais.


Correm nas areias finas
como aves saltitantes,
bonés com cores gritantes,
pegadas tão pequeninas!

Molham na espuma do mar
os corpos de tons dourados
fazem castelos sonhados
e jogos de inventar.

As praias ficam jardins!
Os meninos que as enfeitam
botões de anjo, querubins,
os nossos olhos deleitam.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Notícia em " Voz de Ermesinde"

Novo romance de Helena Guimarães
Caminhos de Jasmim e Rosa-Chá





Sábado, dia 8 de Novembro, à tardinha, com a Sala da FNAC do NorteShopping a rebentar pelas costuras, Helena Guimarães, bem conhecida dos leitores de “A Voz de Ermesinde” e dos ermesindenses em geral, lançou o seu último romance, “Caminhos de Jasmim e Rosa-Chá”.

A mesa que orientou a sessão de lançamento era constituída pela autora, Maria Helena Guimarães, pela coordenadora editorial da “Papiro”, Avelina Ferraz, e pelo apresentador, Manuel Augusto Dias, a que, um pouco mais tarde, se juntaria Júlio Couto.
Avelina Ferraz teve palavras de elogio para com a autora que conseguiu escrever uma bela história por que ela se apaixonaria também, pois dizia-lhe muito, já que viveu numa aldeia dos arredores do Porto, e algumas das vivências transcritas neste romance, dão-lhe a sensação do “déjà vu”. Recomendava, pois, vivamente a sua leitura.
Manuel Dias, apresentou a autora, referiu a sua obra já editada, designadamente, os seus livros de poesia “Intimidades” (1994) e “Manhãs de Setembro” (1998). Mencionou também o seu primeiro romance “Dar a vida pela vida”, da editorial Minerva (2001), e os vários poemas publicados neste jornal, quando ambos fizeram parte do seu corpo redactorial. Citou igualmente os contos publicados no “Café Literário”, Jornal de S. Paulo, Brasil, e os grupos de poesia que a escritora integra, sendo, igualmente, sócia da Sociedade Portuguesa de Autores.
Sobre “Caminhos de Jasmim e Rosa-Chá”, Manuel Dias leu um interessantíssimo excerto, como que a justificar a sua apreciação a este belo romance de Helena Guimarães: «a autora pinta com palavras, muito bem escolhidas, belos quadros, de costumes, mentalidades, atitudes, o quotidiano campestre dos habitantes de uma qualquer aldeia de Entre-Douro e Minho, de há quatro ou cinco décadas atrás. Pelo meio, uma história de amor verdadeiro, cheia de obstáculos ditados pelos escrúpulos, normas sociais, obstáculos familiares herdados, e não só.
A história decorre quase sempre num ambiente familiar de uma burguesia rural, em que as teias da acção envolvem, como na vida real, o povo propriamente dito, como serviçal e jornaleiro, mas as empregadas domésticas são confidentes de um amor impossível, que marcou eternamente dois seres: Alexandra e Ricardo. Nunca casaram um com o outro, mas o amor manteve-os apaixonados para além da vida terrena.
As paisagens da aldeia são captadas pela sensibilidade e extraordinária memória visual e sentimental da autora em todos os meses do ano; as rotinas do quotidiano da aldeia, da casa, das terras, a moagem do cereal, a caça, as vindimas, as desfolhadas, a matança do porco, a construção do presépio e o Natal, o padre e o seu controlo pidesco e hipócrita da vida das pessoa, o esconjuro e o retalhar das doenças, o espiritismo e o ensinamento das várias religiões, tudo passa por estas páginas, que se lêem com muito interesse do princípio ao fim, tal é o “suspense” criado pela arte literária da autora (…).
Sem dúvida que Maria Helena mostra perceber desta “poda” de saber pincelar com as palavras, excelentes cenários envolventes, pela sua beleza, intensidade e emoção. Com ela, vemos, ouvimos, sentimos e quase cheiramos os odores do tempo e do espaço!
Parabéns à autora por esta excelente obra literária que retrata muito bem paisagens doutros tempos e, nelas, personagens de todos os tempos, e nos aguça o apetite para esperarmos, da sua pena, novos “caminhos…” para uma nostalgia saudável e pedagógica!».


Júlio Couto elogiou a faceta da autora como poetisa que tem divulgado bastante na rádio, aliás o programa que tem na “Rádio Lidador”, dedicou-o esta semana a Helena Guimarães, com a leitura diária de poemas seus e, sobre a obra em apreciação, de que leu, quase declamou, uma passagem, disse que gostou muito do livro. E, sublinhou, que se sente como o granito de que são feitas as casas da sua cidade, ou gosta ou não gosta, não há lugar em si para meias-tintas!
Por fim, interveio Helena Guimarães para a agradecer a todos (editora e apresentadores) o contributo dado para que se concretizasse o lançamento de “Caminhos de Jasmim e Rosa-Chá”. Da protagonista do romance disse que era uma menina que sentiu a submissão a que as mulheres estavam obrigadas pelos valores sociais daquele tempo, mas que ela, de alguma forma, fazendo aquilo que achava bem, soube romper com eles, afrontando muitos dos preconceitos tidos como irrevogáveis.
Trata-se, efectivamente, de uma história de amor, com todos os condimentos para agradar ao leitor, por mais exigente que ele seja. Em conversa com a autora, ficou no ar a possibilidade de este romance também ser lançado em Ermesinde.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Estado de pânico, uma forma de controlo?

Acabo de ler, de Michael Crichton, o “ Estado de Pânico”. O livro, um triller sobre o aquecimento global, poderia ser considerado uma forma de desculpa, uma justificação, para a não assinatura do protocolo de Quioto pelos EUA, uma vez que é bem visível a quantidade de dados científicos apresentada para provar a não existência do fenómeno.
Mas não foi isso que me fez pensar duas vezes no livro. Mas sim, uma passagem de um diálogo que passo a transcrever:
“- Quero chegar ao conceito de controlo social. À necessidade de qualquer estado soberano de exercer controlo sobre o comportamento dos seus concidadãos, de os manter razoavelmente dóceis. De os fazer continuar a guiar pelo lado direito da estrada – ou esquerdo se for o caso. De os fazer pagar impostos. E, claro que sabemos que o controlo social é melhor gerido através do medo."
E, assim, o autor vai explicando que antes da queda do muro de Berlim havia, para ambas as partes, o medo instilado; para os ocidentais o medo da guerra nuclear, do comunismo, o Império do mal; para os do outro lado, o medo de nós.
Este pavor acabado, houve necessidade de arranjar outro e assim nos vemos, actualmente, com a falta de segurança, com as causas ambientais (lixos tóxicos, aquecimento global, extinção de espécies), com o fumo passivo do tabaco, o terrorismo…etc, etc. As causas vão mudando, mas não o pânico provocado.
E vemos como até a forma da notícia se modificou e hoje,quando abrimos a Tv, a rádio, ou um jornal, o que vemos? Crimes, poluição, roubo, acidente, sangue, sangue, pânico.. Notícia é só o que causa pavor. E há tanta coisa positiva de que se podia falar!!!
Tememos sair, temos as casas aferrolhadas, não confiamos em ninguém, temos medo de comer, medo das ondas emitidas pelos telemóveis e pelos electrodomésticos; somos xenófobos em relação à cor, à raça e até aos costumes.
E vemos esse controlo pelo medo na forma como nos tratam os Serviços e o Estado. As Finanças, quando o cidadão se atrasa, logo no dia seguinte ao terminar do prazo começa a contabilizar juros diários(!!!) e, não enviam um aviso para casa, enviam uma ameaça de corte de benefícios a que o cidadão tem direito por lei. Para gerar o medo.
O mesmo se passa com as parabancárias e os bancos.. Nunca o cidadão tem direitos. Apenas deveres. É sempre pressionado, sempre em pânico. Assim, não consegue pensar em mais nada. Trabalha para pagar os juros astronómicos que lhe cobram, sempre com o cutelo na garganta, e ao ter medo de quem o pressiona, torna-se dócil.
Agora pergunto: que tem isto a ver com liberdade e democracia?? Rigorosamente nada. É exactamente o oposto. A servidão!!!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Apresentação de livro



No passado dia 8 foi o lançamento do meu livro "Caminhos de Jasmim e Rosa-chá" no Norte Shopping, no Porto.
Já não publicava desde 2001. Foi quase como a primeira vez.
Muitos dos meus amigos vieram acompanhar-me nesse momento especial. Os apresentadores falaram coisas bonitas. A editora gostou do livro. Um romance pequeno sobre a vida numa aldeia do norte do país. Uma história de amor no meio da descrição das paisagens e da vida diária de uma família burguesa dos anos cinquenta, e do povo que habitava a aldeia, com as suas tradições e costumes.
Obrigada a todos os amigos que estiveram presentes. Os que não estiveram podem ler o livro que é uma história bonita.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Quando te conheci

Quando te conheci havia música no ar
e as luzes difusas convidavam ao prazer.
Os dourados do Outono brilhavam nos teus olhos
por detrás dos ramos dos cílios,
e uma luz de criança espraiava-se, difusa,
no teu gargalhar de crítica às meias do homem perto de nós.
A tua falsa ingenuidade de corsa eram um chamariz
para os lobos que desejavam mais um troféu nas suas colecções.
E, de repente, foste a minha irmã que nunca viu a luz do dia,
a outra parte de mim, que me faltou durante a vida,
a confidente, outro eu que tenho debaixo da pele,
o desaguar do rio no mar, a praia
onde as minhas ondas se espraiam na areia,
ou cavam grutas nos momentos de raiva.
Foste a minha amiga onde me vejo por detrás do espelho,
onde me analiso nas tuas palavras.
O porto de abrigo onde choro e rio
nua de pruridos e preconceitos.
A minha irmã que eu protejo com uma asa de ternura!

Já se malhou a colheita



O grão amadureceu faz tempo
sugou a terra, bebeu o sol
verdejou manhãs, dourou-se de poentes.
Roubaram-lhe o casulo, cortaram-lhe o cordão.
Minúscula vida dobrada em si mesmo
na pausa morna do fim do Verão,
solitário entre mil, mais um grão
conduzido, comandado por mãos impessoais.
Será um dia pão ou vida?
Imolado, se for pão,
abrirá sorrisos de prazer nos rostos
da humanidade e calará
o choro de fome das crianças.
Poderá até, sublime
e grandiosa morte, ser
o Corpo e Sangue do Filho
crucificado do Criador do Mundo.
Mas quer ser vida. De novo
nascer folhas, aquecer ao sol,
sentir o fresco do vento e da chuva.
cumprir a sua fatalidade de semente
multiplicando-se para além do tempo.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Tempo de viagem

Ficaram espaços vazios
e ausência a esfriar a casa.
Caminhares de memória no soalho
e sombras de distância nos olhos
dos quadros suspensos nas paredes.
Os ramos cortados sangram
e os fantasmas dançam de dia.
Riem da minha ingenuidade.
É tempo de silêncio de viagem.
Descobrir os caminhos ao contrário
e encontrar os pontos cardeais.
Mergulhar para além do espelho,
percorrer as palavras do avesso,
acender rostos e corpos cinzentos
no choro convulso da terra.
Tempo de pintar os vazios
e vomitar os fantasmas.

Fechei a cortina

Entreabríamos o cortinado ao cair da tarde
e deixávamos entrar a música e os duendes.
As begónias cobriam de verde o canto da sala,
adormecias no sofá em frente ao noticiário das oito.
O medo saia do teu corpo, visitava-me na cozinha
desvirtualizava o fio claro do pensamento,
empurráva-me os passos, alongava-me os dedos
em tremores e suores frios de silêncio.
Não consigo ter-te sem o universo que te circunda
onde te amarras numa ânsia de naufrágio.
Inquieta, caminho de novo na autofagia
que me deixa exangue de vontade
no ostracismo de solidão que me cerca.
Agora fechei a cortina e espero quieta.
No escuro procuro a luz das velas que se apagam
quando me aproximo e não descubro a saída
( do labirinto.
Sei que se abrir o cortinado entra a luz
mas com os duendes vens tu e o medo
que me alonga os dedos e os sonhos
(deixam de ter asas.
As árvores são verdes, o céu azul e as coisas
e as pessoas compram-se porque é assim.
Tudo tem um lugar estático e predeterminado
como se viver não fosse uma dialéctica
de cada um consigo e com a sua circunstância.

À laia de apresentação

Hoje, neste Outono cálido e enovoado, aderi à blogomania e aqui estou a começar um blog, onde vou tentar fazer uma aprendizagem desta nova forma de comunicação, para além de, neste LUGARDADESCOBERTA, colocar opiniões, ídeias e analises da nossa vivência diária entre a realidade e os sonhos que nos fazem levantar da cama de manhã.
Todos os assuntos são permitidos, todos os comentários respondidos.
Podem interagir comigo sempre que quiserem.
Vou fazer os possiveis por tornar o blog agradável, colocando fotografias minhas desta terra que é nossa e é tão magnificamente linda.
Poesia, muita.
Música, vamos a ver se conseguirei colocar uma lista agradável.. Tudo será descoberta.
Por hoje, dia primeiro, é só!