quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

UM NOVEMBRO QUALQUER

Era Novembro!
Não um Novembro macio
de alegria no olhar
sol cálido a convidar
aos caminhos interiores.
Nem um Novembro
com a chuva miudinha,
e fumo de castanhas assadas
nas esquinas da cidade.
Não havia claridade!
Era um Novembro agreste
de mar encapelado,
e ventos gélidos
que vergavam os ciprestes
dos cemitérios.
Um Novembro de mistérios!
Nuvens negras
no céu e na alma.
Chuva e lágrimas
nos rostos fechados
flores de saudade
olhos sem luz,
tristeza que cansa.
Não havia Esperança!
Não era um Novembro qualquer.
Era um Novembro
de vidas em marcha atrás
no País desencantado
perdido e esgotado
de uma luta magoada
com armas tão desiguais.
Era um Novembro de sombras
a adivinhar a desgraça.
David contra Golias
sem a funda redentora,
sem a pedra que derruba,
sem o saber e a vontade
de caminhar o caminho
a viver cada momento.
Não era um Novembro qualquer.
Era o Novembro
do nosso descontentamento!!

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