quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

OS PROFETAS DA DESGRAÇA

Fazem-me calafrios!
Uns já são entradotes
a boca torcida em esgares,
os olhos, velhos, miúdos
não olham para ninguém.
Foram sempre medíocres.
Folheiam estudos sem fim
com mapas e estatísticas
tiradas da Internet.
Não conhecem o País!
E quem sabe é o que diz
que não saem de Lisboa,
levam uma vida boa
junto à mesa do poder
de onde comem as migalhas.
Os outros são galos novos
cheios de graus e basófias
de prosápia e de pujança.
Vêm de outras paragens
vassalos de outras linhagens
escravos doutros poderes.
São os profetas de agora.
São os velhos do Restelo
que esventram, agoirentos,
sempre de língua afiada
o que dia a dia se faz,
como cachorros danados
em festim de carne e sangue.
Move-os o ódio e o desdém
cobre-os o véu da ganância.
Perderam a elegância!
Sempre com audiência
vão catequizando o povo
que conquistou a liberdade
incutindo-lhe o medo,
sangrando-lhe a vontade.
Fazem-no acreditar
que só dizem a verdade.
Só eles, iluminados,
são detentores do segredo
de conduzir o País,
agora a soçobrar,
a uma sublime ventura,
à enorme felicidade
dos tempos de Salazar.

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