Sento-me na minha varanda a fumar um cigarro. O meu sol de Setembro, cálido, tem brilhos de calmaria nas árvores da rua. Os rebentos das gardénias estão amarelecidos das temperaturas de Agosto e folhas queimadas cobrem as hastes das sardinheiras, onde algumas flores resistentes ainda lutam com a falta de água e o sofrimento de oito dias de abandono.O regresso de férias! O regresso ao meu chão depois da viagem a conhecer outras vidas, outras terras. Uma Europa, velha senhora nas angústias de uma crise que torna as pessoas piores, distantes, o turismo masssivo e mal cuidado, o arrastar da nossa condição de latinos pelos caminhos xenófobos de países onde a luta pela vida é o denominador comum, sem sol, sem solidariedade, sem alma.
Fumo o meu cigarro ao sol do sul, reencontrando a calma burguesa do saber estar latino, das temperaturas amenas,do sorriso do empregado que me serve o café, do vinho espesso e qwuente que me dá aquela pequena tontura de calmaria e plenitude e não a vertigem da altitude onde se sente o bater ritmado das artérias e o sangue a picar nas veias.
Não consigo ainda esvasiar os meus acordares da sensação de permanência um metro acima do meu corpo, numa atmosfera rarefeita, embriagada de verde, lençois de erva aninhada entre as árvores, torrentes de água esverdinhada a descer encrespadas das montanhas, montanhas que escondem o sol, furam as núvens que desabam em trovoadas ao entardecer, os deuses dos cumes zangados a zurzir-nos de chuvadas repentinas.
Deliciei-me ao almoço com um entrecosto no forno que faria as delícias dos paladares habituados aos molhos e ao chucrute.
Fumo o meu cigarro na varanda ao sol de Setembro, cálido, que trás sabor a mar e dou graças por viver em Portugal!
Há 1 mês
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