Vem.
Senta no meu colo
aqui junto da
lareira.
Quero conduzir-te
no descobrir das
coisas simples,
essas coisas sem
idade
onde, sem procura
nem canseira,
está escondida a
felicidade.
Vê,
lá fora o vento
verga as árvores
e despenteia os
pássaros.
O frio adormeceu
as roseiras
e as pionias do
jardim.
Existe uma gélida
claridade
que abraça os
ramos do jasmim.
Além, um bando de
estorninhos,
manto negro a
cortar os céus,
desce a procurar
o gão
e as alvéolas vão
atrás do arado
que rasga a terra
a semear o pão.
Escuta
o chiar do carro
puxado pelos bois
que se arrasta
pela ladeira acima.
Em casa o calor
nos une,
neste devir sem
tempo
que cheira a pão
fresco
e a café ao lume.
A gata enrosca o
sono
num pedaço de
tapete
com um filhote a
dormir em cima
e o vaso da
begónia
tem um pouco de
verdete.
Na lareira saltam
as faúlhas
e do cesto
espreita um novelo
espetado por um
par de agulhas.
Em cima da mesa,
porque alguém o
trouxe,
está, ao pé das
camélias,
um prato de
arroz-doce.
Repara!
O sorriso escorre
das conversas,
dos olhos a
sinceridade,
na linguagem dos
corpos
a cumplicidade
e o carinho veste
os pequenos gestos
que adoça de
pertença o dia a dia.
Sabes,
nesta beleza das pequenas
coisas
não acontece
solidão
nem tem lugar a
nostalgia.
Helena Guimarães
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