Chegam sempre lá de longe
parecem os três Reis Magos.
Não sabemos se são gagos,
nunca lhes ouvimos um pio.
Não trazem ouro
nem mirra,
apenas cara de ”birra”,
mas são insensados cá.
Eles são nosso desdouro!
O Baltazar escurinho,
da Etiópia oriundo,
é quem comanda a viagem,
o roubo e a agiotagem
este sacar, sacar
sem fundo.
No Ritz instalado esquece
o famélico povo seu.
Trás com ele o Melchior
com a careca a brilhar,
que vem do norte nevado
e nos chama mandriões.
Ao lado, em passo alargado
o teutónico Gaspar,
que tem por cá um homónimo
que passa a vida enganado.
E dão-se ares de
mandões!
Estes três Reis dos mercados
que de Magos nada têm,
são os amanuenses da Troika
que nos couberam em sorte,
sem poderes, enfim, coitados,
a quem, nas reuniões secretas,
este regime em desnorte
de tal maneira se curva
que até rasga as cuecas.
Helena Guimarães
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